sábado, 25 de fevereiro de 2012

Em cartaz – A Mulher de Preto


Ao chegar a Atlanta para transmitir o Oscar, a primeira coisa que fiz foi ver A Mulher de Preto, que está em cartaz aqui (felizmente há um multiplex a dois passos do Hotel Twelve) e que não deu tempo para ver em pré-estreia no Brasil. E sabe que gostei?! Tinha ficado fã do Daniel Radcliffe quando o vi na Broadway fazendo o musical Como Vencer na Vida sem Fazer Força, com muita garra e eficiência e depois assistindo a uma apresentação leilão que fez para o público. Achei que ele tinha simpatia e talento. Este é o primeiro filme que ele fez depois de acabar a série Harry Potter e, curiosamente para a antiga Hammer, a produtora de filmes de terror que renasce das cinzas (com a nossa nostalgia). Parece que o romance que o inspirou é muito famoso na Inglaterra e já inspirou uma peça de teatro que volta constantemente ao cartaz e também uma versão musical mal sucedida de Andrew Lloyd Webber.
Nada, porém, resolve o problema básico: Daniel é novo demais para fazer o personagem. Em momento nenhum consegue fazer esquecer que não tem porte, tipo, experiência ou cara para viver um homem viúvo com um filho de uns cinco anos. Ainda mais com problemas para manter o emprego em uma firma de advocacia. Bem que poderiam ter ajustado a história para ele, mudando alguma coisa. Mas, do jeito que ficou, dá a impressão de o ator estar numa montagem de teatro de escola, sempre com a mesma expressão de olhos arregalados, sem qualquer variação ou direção. Ao menos um certo pavor, medo ou susto ele podia registrar. Mas nada disso.


Apesar disso, o filme é uma história de fantasma daquelas bem tradicionais, à moda inglesa, mais explícita do que em Os Inocentes. Aqui não há apenas um fantasma, mas vários e a trama é bem amarrada, começando pela casa mal assombrada que fica numa ilha no meio de um pântano (tem uma estrada de terra que chega até lá, mas é coberta de tempos em tempos pela maré, deixando-a isolada com frequência). Na história, Daniel vai para o interior recolher papéis nesta casa mas já é muito mal recebido pela população que o rejeita e trata mal (quando a lógica seria lhe explicar tudo, mas então não teríamos o suspense). Com a ajuda de um homem rico (Ciaran Hinds) e sua mulher tresloucada (a ótima Janet McTeer, de Albert Nobbs) – eles perderam um filho – aos poucos o herói vai descobrindo que uma senhora viveu na mansão. Ela se vestia sempre de negro e agora aparece na janela, no cemitério e assim por diante. O moço tem a capacidade de ver o fantasma sem saber que isso representa mais mortes e tragédias.
Não é bom contar muito mais, mas o filme é bem eficiente, com vários sustos e bastante interessante. Tem uma direção de arte curiosa, com brinquedos de corda antigos e autênticos. O longa não tem apelações e sua conclusão é um pouco diferente daquilo que se costuma esperar. Uma pena que Daniel não tenha conseguido encontrar o tom, porque o filme é correto, não está indo mal de bilheteria nos Estados Unidos e pode ter seu público.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog