Daniel Radcliffe não entende o sucesso que faz com as mulheres

Desde 2001, o britânico Daniel Radcliffe, 19 anos, dá vida ao bruxo mais famoso do cinema infanto-juvenil, Harry Potter. Ele cresceu na frente das câmeras e seu playground foi a telona. Perto do fim da série (ele está rodando os dois últimos filmes da franquia, adaptação do livroAs Relíquias da Morte), o ator conta em entrevista, em Londres, que sentirá falta do adolescente com uma cicatriz em forma de um raio na testa e que não entende porque faz tanto sucesso com as gatoras, já que não se acha atraente. "Sou aquele cara sentado num quarto escuro, assistindo a um jogo por oito horas com um prato de massa nas mãos, de cuecas e meias", disse, aos risos.
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Seu maior desejo, após se despedir da cinessérie mais rentável de todos os tempos (já arrecadou mais de US$ 4,4 bilhões) e que o transformou em um dos jovens mais ricos do mundo do entretenimento (estima-se que ele tenha acumulado uma fortuna de cerca de US$ 49 milhões), é continuar atuando. "A razão pela qual admiro alguns atores é a vontade que eles têm de tentar algo diferente, mesmo que possam falhar. É isso que eu aspiro", disse Radcliffe que ficou nu na peça Equus, apresentada em Londres e em Nova York. Por seu desempenho na obra como um adolescente atormentado, ele foi aclamado pela crítica.
Confira, a seguir, a entrevista na íntegra com o ator, mas atenção: contém informações que podem revelar desdobramentos cruciais do filme.
Como está Harry nesta sexta aventura?
Antes, a relação de Harry com Dumbledore (interpretado por Michael Gambon) era de aluno e professor. Dessa vez, a relação se transformou em algo como a de um general e seu mais valioso soldado. Foi um prazer atuar ao lado de Michael.
Houve muita expectativa pelo primeiro beijo de Harry em A Ordem da Fênix com a colega Cho Chang (Katie Leung). A pressão ficou menor neste filme? Desta vez foi mais fácil beijar Gina Weasley (Bonnie Wright)?
Foi bem o oposto. Quando Katie (Leung) chegou para viver Cho Chang em A Ordem da Fênix, ela veio como um interesse amoroso de Harry. Eu sabia que nós trabalharíamos juntos voltados só para isso. Não houve problemas de percurso na história como desta vez (na qual a relação de Harry e Gina é atrapalhada pelo ciúme de Rony - Ruppert Grint -, irmão de Gina e melhor amigo de Harry).
Este filme tem muito romance e beijos. Você acha que isso vai incomodar as crianças?
Tenho certeza de que elas vão conseguir lidar com isso. Se não conseguirem, é só fechar os olhos nessas cenas (risos). De verdade, não vejo isso como sendo um problema.
A morte de Dumbledore é um momento emocionante em Harry Potter e o Enigma do Príncipe. Foi difícil filmá-la?
Sim, foi difícil porque nunca tinha vivido aquele tipo de emoção, naquela profundidade. Mas foi uma ótima cena.
Faz quase 10 anos desde o primeiro Harry Potter. Quais foram os momentos mais marcantes ou engraçados nesses seis filmes? 
Foram vários momentos engraçados no set. Agora teria que me esforçar para citar um. E mesmo que não me lembre de uma história engraçada, não significa que não tenha me divertido durante o processo.
Qual dos truques ou feitiços de Harry Potter você gostaria de ter na vida real? 
Invisibilidade seria legal porque eu poderia espiar as pessoas (risos). Seria isso que eu provavelmente escolheria. Voar também seria legal.
Como a trágica morte de Rob Knox (ator coadjuvante do sexto filme, que morreu aos 18 anos, em maio do ano passado, após levar cinco facadas enquanto tentava proteger seu irmão mais novo, em uma briga num bar londrino) refletiu em você? 
Não vou fingir que Rob era um de meus melhores amigos no set. Mas eu o conhecia e gostava dele. O que aconteceu com Rob foi obviamente trágico e horrível.
Costumam chamar você de Harry Potter em vez de Daniel? 
Ultimamente nem tanto, mas isso costumava ocorrer bastante. Acho que era mais fácil para as pessoas me chamar assim porque elas não sabiam meu nome e Harry era uma referência. Então, elas apontavam para mim e gritavam "Harry" para chamar minha atenção (risos).
Você contracenou com Robert Pattinson em Harry Potter e o Cálice de Fogo. O que acha de todo o sucesso que ele está fazendo com o filme Crepúsculo? 
Eu não assisti ao filme. Acho que sou uma das três pessoas em todo o mundo que ainda não viu (risos). O interessante é que Crepúsculo é a única franquia que chega perto de Harry Potter em relação à atenção que recebe e na sua universalidade. Todo mundo fala do fenômeno Harry Potter, mas eu não vejo isso porque estou no meio de tudo. Então poder observar esta outra franquia explodir é realmente muito interessante.
Você se vê como um galã ou um símbolo sexual? 
Nossa, se as garotas gostam de mim, isso é fantástico (risos). Quando eu vou para o Japão, as meninas gritam e etc. (mais risos). Existe o "eu" que vai ao tapete vermelho, que é um Daniel diferente do meu "eu" real. As pessoas parecem se atrair por esse Daniel das prémières. Mas eu sou aquele cara sentado num quarto escuro assistindo a um jogo por oito horas com um prato de massa nas mãos, de cuecas e meias. Isso não é muito atraente para as garotas (risos).
Você faz 20 anos em breve (dia 23 de julho). É uma data especial para você? 
É legal, eu acho. É mais um ano. Eu pude viver mais. Isso é bom (risos). Mas não há nada especial programado. Nada demais acontece aos 20 anos, né (mais risos)? Até agora não há planos.
Você não achou arriscado ficar nu na peça Equus? Gosta de correr riscos na vida? 
Eu não teria feito a Equus se não quisesse. Acho que é algo próximo do tipo de ator que quero ser. A grande escola que as pessoas têm na atuação e a razão pela qual admiro alguns atores é a vontade que têm de tentar algo diferente, mesmo que possam falhar. É isso que eu aspiro.
Você escreve poesias. Já teve alguma publicada? Onde? 
Sim, minhas poesias já foram publicadas, mas não com o meu nome. Tem trabalhos meus por aí, mas não necessariamente meus melhores trabalhos (risos). Estão em uma revista chamada Rubbish.
A série Harry Potter está perto do fim. Como você se sente em relação a isso? O que pretende fazer depois de Harry Potter? 
Quero me manter nesse meio por mais tempo possível. Tive uma experiência fantástica com Potter. Ficarei muito triste em deixá-lo. Toda cena da série que eu assistir estará sempre ligada a uma lembrança do que aconteceu naquele dia ou do que estava acontecendo em minha vida naquele momento. Então vai ser incrivelmente triste deixar Harry Potter. Trabalhar com uma equipe tão maravilhosa foi realmente um privilegio